O corpo do arquiteto Oscar Niemeyer, morto na
noite de quarta-feira (05) aos 104 anos, deixou o Hospital Samaritano às 12h
desta quinta-feira com destino ao Aeroporto Santos Dumont, na zona sul do Rio,
de onde partiu pouco antes das 13h rumo a Brasília. O velório será no Palácio
do Planalto e a visitação será aberta ao público entre 16h e 20h. Dois ônibus
com familiares de Niemeyer também partiram para o aeroporto, onde um avião da
Presidência da República aguarda para fazer o traslado.
A chegada à Base Aérea de Brasília está prevista
para as 14h20. De lá, o corpo segue em cortejo em um caminhão do Corpo de
Bombeiros até o Planalto. O corpo de Niemeyer será recepcionado pela presidente
Dilma Rousseff e pelos Dragões da Independência, da guarda militar. O velório
ocorrerá no salão nobre, no segundo andar.
No Rio, dez batedores da Guarda Municipal
acompanharam o trajeto entre o Hospital Samaritano, onde Niemeyer esteve
internado nos últimos 33 dias, e o aeroporto. A missa celebrada na capela do
hospital pelo padre Jorjão, da Paróquia Nossa Senhora da Luz, terminou por
volta das 11h. Emocionada, a viúva do arquiteto falou com a imprensa.
"Perdi a pessoa que mais gostava no mundo, que mais amei. Vai ser difícil,
mas o tempo passa. Estou muito fragilizada", disse Vera.
Ela contou que, na terça-feira (04), Niemeyer
disse que queria comer um pastel e tomar café. "Não saí de perto dele em
nenhum momento, nem nos melhores, nem nos piores. Acompanhei tudo." Há
alguns dias, Niemeyer havia dito à mulher que precisava deixar o hospital para
continuar trabalhando. "Ele disse: 'tenho que ir embora. Meus trabalhos
estão atrasados'. E falava para o enfermeiro: 'temos que fazer o nosso
samba'."
De acordo com Vera, ele estava reagindo bem ao
tratamento, "mas de repente foi ficando quietinho, quietinho". Ela
contou que vai atender ao desejo do marido de editar um livro que haviam
idealizado juntos, além da revista da Fundação Oscar Niemeyer. "Foi a
única coisa que eu prometi a ele. Ele queria ser lembrado como uma pessoa
digna, honesta e amiga, como sempre foi."
Ao retornar ao Rio, o corpo do arquiteto deve ser
levado para o Palácio da Cidade, para uma cerimônia fechada. O velório aberto
ao público deve ocorrer na manhã da sexta-feira (07), e o enterro, à tarde, no
Cemitério São João Batista. O governador Sérgio Cabral (PMDB) decretou luto de
três dias no Estado.
Niemeyer estava internado no Hospital Samaritano,
em Botafogo, desde 2 de novembro. Inicialmente vítima de desidratação, ele
também teve problemas nos rins e era submetido a hemodiálise, além de
fisioterapia respiratória. Na manhã da quarta-feira, o arquiteto sofreu uma
parada cardíaca e sua respiração passou a ser mantida por aparelhos. O
arquiteto completaria 105 anos no próximo dia 15.
O velório no Palácio do Planalto, sede do
governo federal e obra de Niemeyer, foi proposto pela presidente Dilma
Rousseff, que ligou para a família do arquiteto assim que soube de sua morte.
Em nota oficial, a presidente lamentou a perda do "grande
brasileiro".
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